Sem Papas Na Língua

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Enquanto o amor não chega.

 
 
Enquanto o amor não chega, vou descobrindo o que há de bom e ruim em mim. Vou me aperfeiçoando, não pra alguém, mas para eu mesma/o. Reconhecendo que a liberdade faz parte do sistema respiratório que se prendo alguém ou me permito estar presa, logo pouco oxigênio me restará. Porque amar e ser amado requer muitos atributos que não se aprende nos livros, nem necessariamente nos conselhos que nos dão, creio eu que na vivência, no estar a dois.
 
Enquanto o amor não chega, vou percebendo que ninguém é igual a ninguém e que receita de bolo só deve ser usada na área da culinária mesmo. Mas que mesmo na cozinha ainda dá pra dar uma pitada a mais ou a menos de qualquer ingrediente em falta ou excesso. Um conselho ou uma atitude, podem valer para apenas um momento ou usado como cautela pra um futuro breve ou incerto.
 
Enquanto o amor não chega, vou reconhecendo que muitas coisas não devem ser generalizadas. Cada um é cada um. Cada momento uma reação. Cada coisa no seu tempo. Ninguém é nulo de imperfeições.
 
Enquanto o amor não chega, vou vivendo o meu EU com a maior intimidade possível. Somente conhecendo a mim mesma, reconhecerei no outro um pouco de mim ou um nada de mim, para que eu não venha perder tempo ou fazer com que o outro perca seu tempo. E na verdade não é bem esse termo "perda de tempo", porque tudo podemos transformar em experiência. Conhecendo a mim mesma/o será possível aceitar ou recusar certas coisas.
 
Enquanto o amor não chega, vou tendo consciência de que o desapego de algumas coisas não é desamor, é não sofrer por coisas que já passaram. Deixar ir o que tem que ir. Confiar numa força maior que tudo vê e que tudo pode fazer. Enquanto o amor não chega vou organizando meus sentimentos e memórias. O passado fica no passado e o futuro não me pertence, mas no presente vou fazendo o necessário para que o futuro não se apresente tão mal.
 
Enquanto o amor não chega, vou vivendo dia-a-dia essa vida que é uma dádiva divina, presente que deve ser vivido no agora, porque o futuro é incerto e que não deve ser muito milimetrado, enquadrado. Não deve estar preso a formas, para que se essas formas saírem do lugar, eu não me desespere com isso. Vou vivendo minha história que é intransferível.
 
Enquanto o amor não chega, vou admirando o que é bonito, o que pode ser modificado. Vou amando o que está no agora, admirando o que está ao meu redor, não que se o amor chegar não mais o farei, mas quando ele chegar, a visão será diferente e o foco também. Enquanto o amor não vem, vou compreendendo que não sou totalmente responsável por tudo o que acontece, não me cabe tanta responsabilidade.
 
E quando o amor vier, que eu o viva com a alma, corpo e coração, não esses fragmentados, mas uníssonos em um só proposito: Vivê-lo com as belezuras e as partes amargas que o relacionamento há de ter. E se relacionar como um casal é muito mais que trocas de carinhos, vai além de apenas segurar a mão. O amor anda por aí. Ele vem e vem de mansinho, é só permitir.

Daniella Lins

Um comentário:

  1. Gente, que coisa linda... e quando o amor vier, que eu possa me entregar de corpo e alma <3

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